História
Ao invés de continuar servindo porções diversas, empresário inovou e decidiu focar no que oferecia de melhor aos clientes
O ano era 1974. José Teodoro, mais conhecido como Zezé, chegava à cidade de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), vindo de sua terra natal, Dores do Indaiá, distante cerca de 240 quilômetros da capital mineira, na busca por uma vida melhor. Com coragem de sobra, resolveu abrir um bar e homenagear a sua terra de origem, dando ao negócio o nome de “Bar e Mercearia Dorense”.
De acordo com seu filho mais velho, Weverton, o negócio do pai vendia de tudo, oferecendo tira-gostos variados como caldo de mocotó, porções diversas e, claro, o tropeiro, que depois virou o seu foco. “Como o movimento não era grande, ele e minha mãe preparavam tudo na hora. Tinham apenas três mesas e uma sinuca, que foi tirada para dar espaço às mais mesas que vieram a chegar”, lembra. Quando o movimento aumentava, a solução era colocar mesas do lado de fora do bar.
A maneira de servir os petiscos e, em especial o tropeiro, era à moda do Zezé. Tudo acomodado em cumbucas de alumínio, separadamente. Nada de garfo e faca. O talher oficial era a colher. “Dessa maneira fica mais fácil para comer. Na cumbuca o garfo não funciona direito”, explica Weverton.
O primeiro e único funcionário da época do “Dorense” era um sobrinho chamado Jorge. Depois que os três filhos cresceram, Werlleyson, Weverton e Weberllon, eles também foram ajudar no negócio do pai, juntamente com a mãe, Penha. Até hoje, todos permanecem atuando juntos.
O tropeiro, de criação do próprio Zezé, começou a ganhar fama. Para incrementar o prato mais pedido do negócio, ele resolveu começar a preparar uma quantia maior de ovos, em pontos diversos – com a gema mole ou ao ponto – colocar em uma travessa, e sair pelo salão oferecendo aos clientes. O sistema acabou ficando conhecido como “rodízio de ovos”.
Crescimento pede mudança
Com o aumento do movimento no bar e o grande sucesso do tropeiro, com o seu rodízio de ovos, a solução foi se mudar para um lugar maior. “Tínhamos uma loja que ficou dez anos fechada, aguardando um locatário. Meu pai resolveu, então, que seria hora de ir para lá. O bom é que o novo espaço ficava a apenas 50 metros do antigo ponto e na mesma rua”, ressalta Weverton.
A mudança aconteceu em 2003. Porém, a alteração não foi apenas de endereço. Zezé decidiu que a grande estrela do antigo estabelecimento seria seu único prato a ser servido – o tropeiro com rodízio de ovos. Com outra roupagem, o nome também foi mudado. Nascia então o “Tropeiro do Zézé”.
Os antigos clientes continuaram, de acordo com Weverton, a frequentar a casa, e a fama do prato se espalhou pela cidade. As antigas três mesas se transformaram em 25. O único funcionário que possuíam, o primo Jorge, permanece trabalhando com a família, porém, agora, possuem mais 15 empregados.
“Causos”
Quem vai almoçar no “Tropeiro do Zezé” sabe que paga um valor único de R$ 16,00 e pode comer à vontade, incluindo o rodízio de ovos. O precinho camarada e a fartura atrai, de acordo com Weverton, pessoas até de outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, que vão até o restaurante da família para conferir a iguaria.
Talvez, devido a peculiar maneira de servir o prato, algumas pessoas se arriscam em apostas para saber quem consegue comer mais ovos. “Certa vez, chegou um grupo que fez essa aposta entre eles. O primeiro colocado comeu, sozinho, nada menos que 45 ovos, outro 40 ovos e um terceiro comeu 30 ovos”, lembra.
Expansão à vista
A qualquer hora que o cliente chegue ao Tropeiro do Zezé, verá um movimento intenso de pessoas. De acordo com Weverton, cerca de 300 consumidores passam por dia na casa, que tem cadastrada mais de 35 mil clientes. “Apenas de ovos são cerca de dois mil por dia”, diz.
Para conseguir dar fluidez ao atendimento, eles não possuem cardápio. “Nossos garçons são bem ágeis. Assim que o cliente se senta à mesa, ele pergunta se é com ou sem cebola, que é a única variação do prato, que acompanha arroz branco e os ovos, servidos no tradicional rodízio, o tempo todo”, explica.
Além do tropeiro, a casa oferece também bebidas, mas apenas não alcoólicas. Para aqueles que não tiverem como ir ao restaurante, o Tropeiro do Zezé disponibiliza serviço delivery, mediante a uma taxa de entrega, que difere de acordo com a distância.
Agora, a família Teodoro já planeja uma nova expansão do negócio. Aliás, duas novas expansões. A primeira seria no próprio bairro, alugando um novo imóvel. “Já estamos procurando um lugar, mas queremos que seja bem próximo de onde estamos hoje”, explica Weverton. A segunda expansão é ambiciosa. O “Tropeiro do Zezé” já planeja abrir uma rede de franquias, em todo o Brasil. “Estamos, primeiramente, resolvendo questões burocráticas, concluindo o registro da marca para, então, começarmos com a comercialização do negócio”, conclui.
Fonte: Revista Meu Negócio Minha Vida n°6